segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Ensino de Filosofia em Erechim é tema de apresentação no II SEPE da UFFS


Por Suelen Radaeli

No dia 31 de outubro de 2012, realizou-se o II Seminário de Ensino, Pesquisa e Extensão (SEPE) em nossa Universidade, com o objetivo de apresentar projetos/artigos pesquisados e desenvolvidos pelos acadêmicos.
Uma das apresentações foi a do subprojeto de Filosofia/campus Erechim do PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação á Docência), com o tema: Ensino de Filosofia nas Escolas Públicas de Erechim. O objetivo da pesquisa era fazer uma análise da realidade das escolas de nossa comunidade, em especial o ensino da Filosofia.


Bolsistas de ID do subprojeto de Filosofia - Campus Erechim durante apresentação no II SEPE/UFFS

 Verificou-se que, na maioria das escolas pesquisadas, o ensino desta disciplina não é realizado por professores com qualificação específica, mas sim de várias áreas, como História, Geografia, Artes, e Pedagogia. Cabe ao professor decidir quais serão os assuntos tratados em aula, e por muitas vezes o conteúdo aplicado não é propriamente aquele concernente à filosofia, mas algo da necessidade e realidade local. O método avaliativo é dado de diversas maneiras, e as escolas deixam a critério do professor escolhe-lo, sendo que alguns optam por provas, outros por trabalhos avaliativos e outros também usam as discussões feitas em sala como método.
Após a apresentação dos Pibidianos, havia o tempo destinado para debate com os ouvintes presentes, para dúvidas, argumentações e contribuições acerca do tema em questão. Todos os presentes estavam empolgados e deram sua contribuição. Foram debatidas várias problemáticas que envolvem o ensino no Brasil, principalmente o Ensino Médio. Dentre as quais estava a falta de professores com formação em Filosofia. No entanto, constatou-se que este problema se origina no recente tempo que a disciplina de Filosofia foi inserida no currículo escolar como disciplina obrigatória.
Muito bacana o debate, o envolvimento dos presentes neste tema que é imprescindível, que preocupa todos os docentes e os que estão se preparando para está tarefa.     

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Filosofia e Ensino Médio: três gerações, três propostas

Por Monique Moroni


            O primeiro capítulo do livro Coleção Explorando o Ensino é apresentado pelo doutor Marcelo Carvalho e pela doutora Marli dos Santos e possui por título “O Ensino de Filosofia no Brasil: três gerações”. Os autores iniciam a narrativa com a trajetória do ensino da filosofia durante 50 anos, e através das experiências de três representantes filósofos: Marilena Chauí, João Carlos Salles e Marcelo Guimarães. A partir de algumas questões, os autores organizam um debate de opiniões e críticas, abordando as experiências em relação ao ensino da filosofia no Ensino Médio.
            Inicia-se a entrevista com a professora doutora Marilena de Souza Chauí, que, desde 1960, tem se dedicado com a filosofia. Autora da obra Convite à Filosofia – obra atualmente utilizada para auxílio no Ensino Médio, Chauí ressalta que, no seu tempo de ginásio e colegial, o ensino era voltado para a valorização humanística e crítica dos alunos, no qual teve disciplinas voltadas ao estudo de idiomas; e com a filosofia cinco aulas semanais, sendo esta disciplina obrigatória. A formação de Chauí foi desenvolvida com muito estímulo, leitura e pensamento. É possível analisar sua obra e perceber que sua ideia de relacionar a disciplina com as demais matérias deixa transparecer todo seu vínculo de aprendizagem. Assim, tudo indica que sua proposta de ensino para hoje utiliza parte de uma estratégia rígida. 


O segundo entrevistado pelos autores é João Carlos Salles Pires da Silva. Graduado em filosofia em 1985, Salles não teve vínculo com a filosofia no Ensino Médio e, apesar do período de ditadura, teve disciplinas de literatura e história, que fez com que o filósofo militante buscasse uma formação intelectual, trocando o curso superior de economia para filosofia.


 Enquanto Salles concluía sua graduação, Marcelo Senna Guimarães cursava o Ensino Médio, portanto, sem a disciplina de filosofia no currículo. Guimarães fora incentivado por outras disciplinas a ter um pensamento crítico e pelas mudanças no ensino de filosofia ao longo da década de 1980 e 1990.
            O terceiro e último representante é o professor do Ensino Médio de Filosofia, Marcelo Senna Guimarães, que a partir de 1994 iniciou sua carreira lecionando em escola particular. Preocupado com o fundamento da educação, passa a se especializar na relação entre Filosofia e Educação. Guimarães desenvolve uma estratégia didático-pedagógica, na qual sua proposta de ensino consiste em apresentar um tema, através de um texto, podendo ser filosófico, histórico ou atual, e partindo desse para uma leitura e discussão do texto.


Conclui-se que, embora a lei 11.684/08, estabelecida em 2008, estabeleça a obrigatoriedade do ensino de filosofia, há ainda muita discussão a ser realizada acerca das estratégias didáticas ao compararmos as três gerações trazidas ao debate. O problema é o fato de como a disciplina de Filosofia está inserida hoje no currículo do Ensino Médio. Por enfrentar certo preconceito, e consistir somente de um período semanal, torna-se difícil a resolução de como os novos licenciados poderão enfrentar essa nova geração.




terça-feira, 15 de maio de 2012

Muitos desafios e mais possibilidades ainda!


Por: Samanta Krignl Pereira e Thiago Soares Leite

          No dia 19 de Abril de 2012, quinta-feira, os subprojetos de Pedagogia, de Ciências Sociais e de Filosofia do PIBID da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Erechim se reuniram para a realização do I Seminário do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID – Campus Erechim. O seminário teve por tema O Professor na Educação Básica – Desafios e Possibilidades e contou com a presença da Coordenadora Institucional do PIBID/UFFS, Prof. Drª. Maria Lúcia Marocco Maraschin, do Coordenador de Área de Gestão de Processos Educacionais do PIBID/UFFS, Prof. Me. Jeferson Saccol Ferreira, da Coordenadora Pedagógica da 15ª CRE, Profª. Mara Rodrigues Terra e da palestrante convidada, Profª. Drª. Sônia Regina de Souza Fernandes, do Instituto Federal Catarinense, de professores e alunos da UFFS e da comunidade externa.
            O evento foi realizado em dois momentos. O primeiro, ocorrido na Sala de Reuniões do Seminário Nossa Senhora de Fátima, teve início às 13:30 e consistiu na apresentação das ações realizadas pelos três subprojetos do Campus durante a fase de implementação do PIBID nas escolas de Erechim, bem como no cronograma de desenvolvimento dos subprojetos para o presente semestre.
        A sessão, presidida pela Prof. Drª. Neide Cardoso de Moura, Coordenadora do Programa de Consolidação das Licenciaturas – Prodocência, teve início com a saudação a todos os presentes realizada pelo Coordenador Acadêmico do Campus Erechim, Prof. Dr. Luís Fernando Santos Corrêa da Silva. Em seguida, procederam-se às apresentações.
            O primeiro subprojeto a expor seu desenvolvimento foi o de Pedagogia, no qual as pibidianas, por meio de slides, mostraram o que foi trabalhado nas duas escolas onde se reúnem: Colégio Estadual Haidée Tedesco Reali e Escola Estadual de Ensino Médio Irany Jaime Farina. Por lidarem com as fases iniciais da Educação Básica e tendo por foco a alfabetização e a alfabetização em matemática, as bolsistas têm centrado seus estudos em livros didáticos e ensino-aprendizagem em matemática. Ressaltaram a importância das oficinas apresentadas durante o período de 2011 e dos seminários que desenvolveram, e, também da intervenção que é feita em sala de aula, juntamente com a professora supervisora. Para finalizar a apresentação, as bolsistas enfatizaram que no decorrer do semestre de 2012 serão elaboradas oficinas e seminários, e, também continuarão com as reuniões semanais.

Equipe do subprojeto de Pedagogia do PIBID – UFFS/Campus Erechim

            O segundo subprojeto a apresentar suas atividades foi o de Ciências Sociais, que durante o ano de 2011 focou-se em leituras e discussões, visando às orientações curriculares entre outros materiais. Também apresentaram a experiência que começaram a vivenciar no início do primeiro semestre de 2012, e que consiste na intervenção em sala de aula, juntamente com o professor da disciplina de Sociologia. Essa intervenção teve por objetivo explorar a apresentação da disciplina, pois a referida disciplina voltou recentemente a ser obrigatória no currículo escolar. Para finalizar, os bolsistas relataram que focarão o desenvolvimento do subprojeto na análise do livro didático disponibilizado pelo MEC e adotado na Escola Érico Veríssimo, bem como continuarão com duas reuniões semanais, sendo uma delas juntamente com o professor da disciplina na Escola.

Alunos bolsistas do subprojeto do PIBID de Ciências Sociais – UFFS/Campus Erechim

          O terceiro e último subprojeto a expor o que foi trabalhado durante o ano de 2011 foi o de Filosofia, que se reúne na Escola Érico Veríssimo. Os encontros tiveram como foco principal a análise de obras sobre o ensino da Filosofia, assim como as Orientações Curriculares de Filosofia para o Ensino Médio, discussões das leituras, participações de formação, sendo algumas delas: Prática e Política do Currículo e A importância do conhecimento escolar em diferentes propostas curriculares (ministradas pelo Prof. Dr. Roberto Rafael Dias da Silva) e Políticas educacionais, trajetória do Ensino Médio e o lugar da Filosofia e Ciências Sociais nesse processo (ministrada pela Profª. Drª. Maria Silvia Cristofoli). O grupo também recebeu visitas de professores que atuam no ensino de Filosofia nas escolas de Educação Básica, e que mostraram como organizam seus planos de aula, os recursos que utilizam como auxílio para a organização dos conteúdos e o método de ensino para filosofia. Os bolsistas visitaram escolas de diferentes realidades, sendo uma privada, outra de periferia e uma estadual, para ver como a disciplina de Filosofia é tratada e, também para conhecerem as estratégias que as escolas utilizam para contornar a escassez de professores formados na área. Após esses encontros, visitas e debates, o subprojeto Filosofia teve a oportunidade de observar algumas aulas da disciplina para vivenciar o método que o professor utiliza na exposição de seus conteúdos e a relação aluno-professor.

 Apresentação dos alunos bolsistas do subprojeto do PIBID de Filosofia – UFFS/Campus Erechim

       Finalizando a apresentação, os bolsistas apresentaram o planejamento para 2012, segundo o qual serão feito levantamentos, organizações, análises e discussões de livros, revistas, entre outros materiais da área de Filosofia que serão disponibilizados e trabalhados na biblioteca da Escola Érico Veríssimo. Também será apresentado um seminário sobre o livro de filosofia Coleção Explorando o Ensino e por fim, será apresentada a oficina de filosofia para o Ensino Médio e professores, que foi elaborada durante as atividades de férias, dos encontros, debates, visitas às escolas e também observações a aulas que serão realizado ao longo do semestre.
        As atividades do I Seminário do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID – Campus Erechim foram retomadas no período noturno. Foi, então, ministrada palestra no ginásio do Colégio Estadual Haidée Tedesco Reali, tendo por tema O Professor na Educação Básica – Desafios e Possibilidades. Estiveram presentes a Coordenadora Institucional do PIBID/UFFS, Prof. Drª. Maria Lúcia Marocco Maraschin, o Coordenador de Área de Gestão de Processos Educacionais do PIBID/UFFS, Prof. Me. Jeferson Saccol Ferreira, a Coordenadora Pedagógica da 15ª CRE, Profª. Mara Rodrigues Terr, o Diretor da UFFS/Campus Erechim, Prof. Dr. Ilton Benoni da Silva, a Secretária de Educação de Erechim, Profª. Elaine Rocha, a palestrante convidada, Profª. Drª. Sônia Regina de Souza Fernandes, do Instituto Federal Catarinense, professores e alunos de licenciatura da UFFS e a comunidade externa.
       Durante a solenidade de abertura das atividades noturnas, a Prof. Drª. Maria Lúcia Marocco Maraschin explicou como funciona o PIBID e que o objetivo do Projeto é auxiliar na sensibilização da docência, a fim de que essa remeta a novas práticas, por existir grande evasão da profissão docente. Terminou dizendo: “Queremos profissionais que gostem daquilo que estão fazendo (lecionando)”. A Coordenadora Pedagógica da 15ª CRE, Profª. Mara Rodrigues Terr enfatizou a necessidade de  universalização na qualidade do interesse em estudar e obter conhecimentos que vão se concretizando na medida em que cada um faz a sua parte. Terminou manifestando sua crença em uma nova geração que mudará a escassez que ainda existe na área profissional da docência.

A coordenadora Institucional do PIBID/UFFS, Profª. Drª. Maria Lúcia Marocco Maraschin, saúda os participantes do I Seminário do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID – Campus Erechim

        Para a Secretária de Educação de Erechim, Profª. Elaine Rocha, deve haver uma melhora na qualidade da Educação Básica para que haja um incentivo perante os jovens para o ingresso na carreira docente, pois essa qualidade deve passar pelas mãos e cabeças dos futuros professores. Encerra dizendo que para ser um bom professor tem de possuir qualidade. Para finalizar a solenidade de abertura, o Diretor da UFFS/Campus Erechim, Prof. Dr. Ilton Benoni da Silva, parabenizou os subprojetos do PIBID e lembrou que o antigo Reitor da UFFS, Prof. Dr. Dilvo Ilvo Ristoff, participou do planejamento do que veio a se tornar o PIBID.
           A Profª Drª. Marilane Wolff Paim, Coordenadora do subprojeto Pedagogia, apresentou brevemente a palestrante, Profª. Drª. Sônia Regina de Souza Fernandes, que iniciou relatando sobre a época em que fazer uma Universidade Federal era difícil, pois quem assim decidisse deveria se deslocar para cidades distantes. A única opção, então, era cursar uma universidade particular. Quem optasse por fazer licenciatura, tinha pouco contato com a realidade de uma escola, por essa intervenção ocorrer apenas nos estágios, e ainda enfrentavam problemas, pois, quando saíam da sala de aula, as escolas diziam “Agora vamos voltar ao normal”.
        Sônia mencionou que a Educação Básica é constituída de Ensino Fundamental (séries iniciais e séries finais) e Ensino Médio, sendo que as séries iniciais e infantis se atribuíram historicamente às mulheres, por se considerar a relação do afeto perante os alunos. Isso causou um dano, pois não caracterizou esse segmento como profissionais, possuidores de direitos, além de não ser a questão do afeto uma questão fundamental para a constituição de um bom profissional. Para demonstrar esse dano, Sônia relatou que os dados estatísticos do Brasil apontam que, na Educação Infantil e nas séries iniciais do Ensino Fundamental, a cada dez professores apenas dois são homens, sendo que nas creches 97,9% são mulheres. Já nos ensinos técnicos, apenas 45,8% de mulheres lecionam.

Profª. Drª. Sônia Regina de Souza Fernandes durante palestra ministrada.

            Nas décadas de 1960-1970, se graduar era o suficiente, pois o conhecimento estava na profissão e o estudo contínuo se dava apenas através de livros. Porém, hoje, temos como auxílio, além dos livros, a internet. Sônia falou também que o desafio se torna uma possibilidade, e uma possibilidade pode se tornar um desafio, sendo um deles a dificuldade ainda encontrada em saber o que aplicar em sala de aula para que o aluno tenha um bom conhecimento. O Plano Nacional de Professores tem como desafios e possibilidades para a Educação Básica: a Formação inicial e continuada (aprender para a vida toda), Entidades de classes representadas e saberes profissionais (diversidade, multiculturalismo, inclusão, entre outras...). A inclusão social antigamente era um problema, pois havia alguns preconceitos, por exemplo, com pessoas consideradas deficientes, e também quem fosse de um Estado laico não podia defender a religião, nem mesmo comemorar a páscoa. Porém, hoje são cobrados diferentes tipos de saberes.
     Para encerrar a palestra, Sônia falou que na contemporaneidade a condição nas entidades representativas de classe ainda está ‘esfarelada’. A formação continuada pode ser feita, também, através do sindicato. Porém, quando o sindicato não luta por condições de trabalho, nós nos fragilizamos. A profissão de docente se aprende através da formação inicial e se estende pela formação continuada, e para melhorar o trabalho, temos o direito de receber um salário melhor e digno.
           
            O I Seminário do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID – Campus Erechim foi organizado, além de pelos três subprojetos do PIBID – UFFS/Campus Erechim, pelo Grupo PET/Conexão de Saberes, pelo Programa de Consolidação das Licenciaturas – Prodocência e pelo Curso de Pós-graduação em Processos Pedagógicos na Educação Básica.