Por Monique Moroni
O
primeiro capítulo do livro Coleção Explorando o
Ensino é apresentado pelo doutor Marcelo Carvalho e pela doutora
Marli dos Santos e possui por título “O
Ensino de Filosofia no Brasil: três gerações”. Os autores iniciam a
narrativa com a trajetória do ensino da filosofia durante 50 anos, e através das experiências
de três representantes filósofos: Marilena Chauí, João Carlos Salles e Marcelo
Guimarães. A partir de algumas questões, os autores organizam um debate de
opiniões e críticas, abordando as experiências em relação ao ensino da
filosofia no Ensino Médio.
Inicia-se
a entrevista com a professora doutora Marilena de Souza Chauí, que, desde 1960,
tem se dedicado com a filosofia. Autora da obra Convite à Filosofia – obra atualmente utilizada para auxílio no Ensino
Médio, Chauí ressalta que, no seu tempo de ginásio e colegial, o ensino era
voltado para a valorização humanística e crítica dos alunos, no qual teve
disciplinas voltadas ao estudo de idiomas; e com a filosofia cinco aulas
semanais, sendo esta disciplina obrigatória. A formação de Chauí foi
desenvolvida com muito estímulo, leitura e pensamento. É possível analisar sua
obra e perceber que sua ideia de relacionar a disciplina com as demais matérias
deixa transparecer todo seu vínculo de aprendizagem. Assim, tudo indica que sua
proposta de ensino para hoje utiliza parte de uma estratégia rígida.
O segundo entrevistado pelos autores é
João Carlos Salles Pires da Silva. Graduado em filosofia em 1985, Salles não teve
vínculo com a filosofia no Ensino Médio e, apesar do período de ditadura, teve
disciplinas de literatura e história, que fez com que o filósofo militante
buscasse uma formação intelectual, trocando o curso superior de economia para
filosofia.
Enquanto Salles concluía sua graduação,
Marcelo Senna Guimarães cursava o Ensino Médio, portanto, sem a disciplina de
filosofia no currículo. Guimarães fora incentivado por outras disciplinas a ter
um pensamento crítico e pelas mudanças no ensino de filosofia ao longo da década
de 1980 e 1990.
O terceiro
e último representante é o professor do Ensino Médio de Filosofia, Marcelo
Senna Guimarães, que a partir de 1994 iniciou sua carreira lecionando em escola
particular. Preocupado com o fundamento da educação, passa a se especializar na
relação entre Filosofia e Educação. Guimarães desenvolve uma estratégia
didático-pedagógica, na qual sua proposta de ensino consiste em apresentar um
tema, através de um texto, podendo ser filosófico, histórico ou atual, e
partindo desse para uma leitura e discussão do texto.
Conclui-se que, embora a lei 11.684/08,
estabelecida em 2008, estabeleça a obrigatoriedade do ensino de filosofia, há ainda
muita discussão a ser realizada acerca das estratégias didáticas ao compararmos
as três gerações trazidas ao debate. O problema é o fato de como a disciplina
de Filosofia está inserida hoje no currículo do Ensino Médio. Por enfrentar
certo preconceito, e consistir somente de um período semanal, torna-se difícil
a resolução de como os novos licenciados poderão enfrentar essa nova geração.
Para saber mais sobre o debate, acesse: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=7837&tmpl=component&format=raw&Itemid=