quarta-feira, 20 de junho de 2012

Filosofia e Ensino Médio: três gerações, três propostas

Por Monique Moroni


            O primeiro capítulo do livro Coleção Explorando o Ensino é apresentado pelo doutor Marcelo Carvalho e pela doutora Marli dos Santos e possui por título “O Ensino de Filosofia no Brasil: três gerações”. Os autores iniciam a narrativa com a trajetória do ensino da filosofia durante 50 anos, e através das experiências de três representantes filósofos: Marilena Chauí, João Carlos Salles e Marcelo Guimarães. A partir de algumas questões, os autores organizam um debate de opiniões e críticas, abordando as experiências em relação ao ensino da filosofia no Ensino Médio.
            Inicia-se a entrevista com a professora doutora Marilena de Souza Chauí, que, desde 1960, tem se dedicado com a filosofia. Autora da obra Convite à Filosofia – obra atualmente utilizada para auxílio no Ensino Médio, Chauí ressalta que, no seu tempo de ginásio e colegial, o ensino era voltado para a valorização humanística e crítica dos alunos, no qual teve disciplinas voltadas ao estudo de idiomas; e com a filosofia cinco aulas semanais, sendo esta disciplina obrigatória. A formação de Chauí foi desenvolvida com muito estímulo, leitura e pensamento. É possível analisar sua obra e perceber que sua ideia de relacionar a disciplina com as demais matérias deixa transparecer todo seu vínculo de aprendizagem. Assim, tudo indica que sua proposta de ensino para hoje utiliza parte de uma estratégia rígida. 


O segundo entrevistado pelos autores é João Carlos Salles Pires da Silva. Graduado em filosofia em 1985, Salles não teve vínculo com a filosofia no Ensino Médio e, apesar do período de ditadura, teve disciplinas de literatura e história, que fez com que o filósofo militante buscasse uma formação intelectual, trocando o curso superior de economia para filosofia.


 Enquanto Salles concluía sua graduação, Marcelo Senna Guimarães cursava o Ensino Médio, portanto, sem a disciplina de filosofia no currículo. Guimarães fora incentivado por outras disciplinas a ter um pensamento crítico e pelas mudanças no ensino de filosofia ao longo da década de 1980 e 1990.
            O terceiro e último representante é o professor do Ensino Médio de Filosofia, Marcelo Senna Guimarães, que a partir de 1994 iniciou sua carreira lecionando em escola particular. Preocupado com o fundamento da educação, passa a se especializar na relação entre Filosofia e Educação. Guimarães desenvolve uma estratégia didático-pedagógica, na qual sua proposta de ensino consiste em apresentar um tema, através de um texto, podendo ser filosófico, histórico ou atual, e partindo desse para uma leitura e discussão do texto.


Conclui-se que, embora a lei 11.684/08, estabelecida em 2008, estabeleça a obrigatoriedade do ensino de filosofia, há ainda muita discussão a ser realizada acerca das estratégias didáticas ao compararmos as três gerações trazidas ao debate. O problema é o fato de como a disciplina de Filosofia está inserida hoje no currículo do Ensino Médio. Por enfrentar certo preconceito, e consistir somente de um período semanal, torna-se difícil a resolução de como os novos licenciados poderão enfrentar essa nova geração.