quarta-feira, 20 de março de 2013

Como falar de Filosofia Política sem que a aula fique chata?

Por: Susiane Kreibich

Ao pensar em como desenvolver uma aula de Filosofia Política, mais precisamente sobre Nicolau Maquiavel, para o ensino médio, surgiu-me a questão: “como falar de Filosofia Política sem que a aula fique chata?”. Filosofia política é um tema interessante, mas não agrada a todos. Porém, eu penso ser um dos temas com o qual mais pode-se fazer referências e vincular ideias à vida cotidiana, independente do filósofo trabalhado.
Maquiavel é especialmente interessante, pois a proposta filosófica apresentada em O Príncipe funda o pensamento político moderno e muda a lógica política diferenciando o éthos (modo de ser) político do éthos individual. O que vale para a ética individual não é o mesmo que vale para a ética política, pois esta baseia-se na utilidade social.
20130305_150624 Bolsista Susiane durante sua aula.
Nesse sentido, inúmeras discussões podem ser feitas a partir da ideia de desvincular-se a ética individual da política. Aos estudantes pode-se questionar acerca da frase mais conhecida de Maquiavel: “o fim justifica os meios.” O que exatamente Maquiavel quis dizer com essa afirmação? Então, vale tudo na esfera pública? Pode-se valer de qualquer meio para que se chegue ao fim desejado? É uma ideia que instiga a reflexão e certamente conduzirá os estudantes ao questionamento acerca da situação política atual. Eu penso ser de fundamental importância compreender esse ponto na obra de Maquiavel, para que assim, seja esclarecido o posicionamento do filósofo e para que não haja interpretações equivocadas a respeito.
Ao buscar material para a elaboração do plano de aula, encontrei no livro didático Iniciação à Filosofia de Marilena Chaui, um texto relevante sobre o pensamento de Maquiavel. Este livro é utilizado no ensino médio da Escola Érico Veríssimo, na qual o Pibid de Filosofia da UFFS - campus de Erechim - realiza suas atividades. Escolhi trabalhar parte da aula com o texto desse livro, pois achei o texto elucidativo e acessível, além de transmitir de forma geral o pensamento de Maquiavel.
Mas como penso ser de suma importância levar os textos clássicos aos estudantes de ensino médio, não pude deixar de escolher a utilização destes para um segundo momento da aula que eu estava preparando. Assim, escrevi um pequeno texto com base nos capítulos XXI, XXIII e XXV da obra O Príncipe, para que eu pudesse levar aos estudantes uma forma de leitura mais rigorosa. Sou defensora da ideia de que os estudantes de ensino médio têm condições de ler textos clássicos, porém acho que estes devem ser escolhidos levando em conta a faixa etária dos estudantes que trabalharão com eles.
Uma das minhas preocupações foi não tornar a aula que eu ministraria “chata”. Mas essa preocupação não deve ser o ponto principal que um professor de ensino médio deve se ater, pois o processo de ensino-aprendizagem requer rigor intelectual. A preocupação demasiada em relação a tornar ou não uma aula “chata”, acaba colocando o ensino no mesmo patamar do entretenimento. Escola não é televisão ou qualquer outra mídia que sirva de informação e entretenimento. Escola é o lugar do conhecimento e, sendo assim, requer rigor intelectual, que em muitos momentos, é maçante.





2 comentários: